Em 2020 nos encontramos na luta!

O ano de 2019 foi um dos anos mais difíceis das últimas décadas, mas resistimos e chegamos até aqui. Foi um ano de ataque generalizado à classe trabalhadora, à democracia, aos nossos direitos e às universidades públicas (e gratuitas). Mas não saímos derrotados; conseguimos nos manter em movimento, combatendo cada ataque deste governo contrário ao Brasil e ao povo brasileiro.

Iniciamos este ano preocupados com a democracia e a autonomia das universidades brasileiras, pois o governo Bolsonaro já sinalizava que seria contrário à educação pública e de qualidade voltada ao ensino superior – não apenas, ao ensino superior. E assim o fez, interferiu nas escolhas de reitores, estrangulou o orçamento das universidades e nomeou dois Ministros da Educação, vinculados ao grande capital financeiro nacional e internacional, desqualificados do ponto de vista técnico e que usam das suas funções para tentar destruir a educação brasileira, para atender aos interesses privatizantes do empresariado.

Em fevereiro após o 38º Congresso do ANDES, que tirou como principal deliberação a centralidade da luta em unidade pela defesa de direitos, construímos junto com as demais entidades da UFGD uma carta compromisso em defesa da autonomia e da democracia na UFGD; assinada e firmado compromisso pelas três chapas que disputavam a consulta prévia para a reitoria da UFGD.

Neste mesmo período, comemoramos o ingresso dos 28 estudantes do Cursinho Popular da ADUFDourados em universidades de Dourados, projeto construído em conjunto com professores voluntários e outras entidades sindicais, voltado à preparação de estudantes de baixa renda para o ingresso no ensino superior.

No início do mês de março o Bloco da ADUF saiu mais uma vez nas ruas de Dourados, acompanhado de centenas de pessoas que festejavam o carnaval, mas que também foi uma manifestação política com a defesa de diversas pautas. Na semana seguinte nosso Bloco se fez presente em mais um 8 de março, nas ruas de Dourados em luta pelo direito das mulheres. Logo após no dia 22 de março estivemos nas ruas mais uma vez no Ato Nacional Contra a Reforma da Previdência.

Em abril começamos o mês nas ruas, com um Ato de Descomemoração da Ditadura Militar, com exibição do documentário Em Busca da Verdade, no Cine Buteco da ADUF. Organizamos em conjunto com o ANDES/SN + Assessoria Jurídica Nacional, uma palestra com o Leandro Madureira sobre a PEC 6/2019 (Fim da Previdência Social), a partir desta atividade oportunizamos diversos cafés políticos nas faculdades sobre o tema.

O mês de maio foi um mês bastante intenso. Iniciamos com um bicicletaço contra a reforma da previdência e fizemos duas paralisações. No dia 15 de maio, paralisamos nossas atividades e fomos para as ruas de Dourados com milhares de pessoas protestar contra os cortes de recursos das universidades federais. No dia 30 para fechar este mês de luta paralisamos mais uma vez e fomos às ruas defender a educação pública. Neste período, abrimos intenso diálogo com a sociedade e fizemos muitas panfletagens.

No mês de junho, o ataque do governo que era mais nacionalizado, atingiu diretamente a UFGD com a intervenção do MEC na reitoria, ao colocar uma reitora pro tempore ligada à chapa que ficou em último lugar na consulta prévia. A partir deste golpe, a UFGD entrou em colapso e, a universidade que já tinha sofrido cortes significativos no orçamento, passou a ter uma gestão autoritária, pouco comprometida com a universidade pública e alinhada aos interesses do governo federal.

Fizemos diversos atos contra a intervenção e em defesa da universidade pública – fomos até a Tribuna da Câmara de Dourados Defender a Autonomia Universitária e a Democracia na UFGD. No dia 14 de julho fizemos mais uma paralisação com ato de rua, que se deslocou até a frente da reitoria da UFGD, posicionando-se contrário à intervenção. Entramos com diversas ações judiciais para garantir a democracia e a autonomia da UFGD, bem como, tecemos articulações políticas com parlamentares de Mato Grosso do Sul, com objetivo de pressionar o MEC para nomeação da chapa vencedora na eleição.

No recesso, o MEC apresentou o Future-se, programa que ataca a autonomia e sinaliza para a privatização das universidades públicas. A partir de agosto iniciamos diversos debates, palestras, assembleias, rodas de conversas e formações sobre o projeto, que totalizaram mais de 20 atividades. No dia 13 de agosto fizemos mais uma paralisação com ato de rua e lançamos a campanha “Eu defendo a Universidade Pública!”. Os debates sobre o Future-se se estenderam nos meses seguintes e conseguimos no final do mês de outubro a rejeição do Future-se no COUNI. Instância última de deliberação na/da UFGD.

Em setembro participamos do 25º Grito dos Excluídos e realizamos diversas rodas de conversas sobre a universidade pública. No final do mês organizamos o ‘Futebol Integração’, momento que aglutinou diversas pessoas e serviu para criar ainda mais unidade diante de uma conjuntura complicada.

O mês de outubro foi um dos meses mais agitados: começamos com uma mobilização de três dias denunciando a intervenção do governo federal junto à reitoria da UFGD, e defendendo a universidade pública para os estudantes secundaristas das escolas que vinham conhecer a UFGD através do já conhecido, Faculdades Abertas. No mesmo período protocolamos em conjunto com o ANDES/SN um documento no MEC solicitando a nomeação da chapa eleita da consulta prévia e, fizemos em conjunto com os técnicos e estudantes um Ato em Defesa da Autonomia e da Democracia na UFGD.

Fizemos também a Confraternização do dia das (os) professoras (es) na sede da ADUF, que contou com a participação de centenas de pessoas. Para fechar o mês construímos em conjunto com as demais entidades de representação da UFGD um “Ato em Defesa da Autonomia e da Democracia na UFGD”, que contou com a participação de ex-dirigentes da Universidade.

No mês de novembro organizamos o “Encontro de Sindicalizadas (os): Estratégias de luta frente à conjuntura nacional e local – Preparação para o Congresso do ANDES 2020” e uma roda de conversa sobre a intervenção e as perseguições políticas na UFGD, com a participação de Antonio Gonçalves (presidente do ANDES/SN) + Assessoria Jurídica Nacional.

Já no mês de dezembro apresentamos um convênio com diversas empresas de Dourados para que nossos sindicalizados tenham benefícios e descontos. Iniciamos também, impulsionados pelo movimento de professoras(es), técnicas(os) e estudantes negras(os) da UFGD a campanha “Eu defendo as cotas raciais na UFGD”. Aliás, que seguirá o início do ano que vem, pois a ADUFDourados entende que a defesa da política de cotas raciais é fundamental para o projeto de universidade que defendemos, a saber: uma universidade pública e popular, que seja pintada de povo ou esteja por ele grafitada! É importante destacar também que a ADUFDourados moveu uma ação judicial contra a reitoria da UFGD pelo regresso dos estudantes de medicina que fraudaram a processo de cotas sociais da UFGD.

Finalizamos este ano intenso de ataques, mas de muita reação e mobilização com a certeza de que “O real resiste. É só pesadelo, depois passa”, como diria a canção de Arnaldo Antunes, censurada pelo governo na TV Brasil. Agora é hora de recuperar nossas energias e fazer muito debate nos espaços familiares e voltar em 2020 muito mais fortalecidos(as).

Deixamos já o nosso convite para abrir o ano com o Bloco de Carnaval da ADUF, fazendo brotar a alegria que nos fará seguir adiante!

Em 2020 nos encontramos na luta!

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