Deixem a Judith e sua sombra de menino serem quem elxs quiserem!

O espetáculo teatral “Judith e Sua Sombra de Menino” conta a história de uma criança que é constantemente criticada por apresentar um comportamento que os adultos classificam como inadequado para uma menina. De tanto falaram que Judith parecia menino, sua sombra se tornou a sombra de um garoto. Assim, Judith descobriu que não precisava ser menino ou menina e que o mais importante era brincar independente dos padrões impostos pelos adultos.

A peça foi idealizada aqui em Dourados e conta com a participação de diversas pessoas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), entre elas professoras(res), alunas(os) e técnicos(as)-administrativos(as). Em 2015 a peça foi premiada pela Fundação Nacional de Artes com o Prêmio Myriam Muniz. O grupo já se apresentou mais de 10 vezes na cidade de Dourados.

No último sábado (14), ao chegarem na frente do Teatro Prosa para a apresentação na 5ª Mostra de Teatro Infantil de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, os artistas e o público foram surpreendidos por um grupo de aproximadamente 10 pessoas que protestavam contra a peça e que tentavam convencer os pais que chegavam com crianças a boicotarem “Judith e Sua Sombra de Menino”.

A manifestação foi organizada por grupos que se organizam em páginas do facebook , que defendem a ideia de que qualquer discussão sobre gênero é prejudicial para as crianças, também apostam no projeto Escola Sem Partido e fazem pré-campanha para o deputado federal Jair Bolsonaro para presidência nas eleições de 2018. O grupo exibia uma enorme faixa com os dizeres: Ideologia de Gênero Não!

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(Final da apresentação em Campo Grande – Foto: Divulgação)

Ideologia de Gênero?

Nos últimos meses grupos espalhados pelo Brasil tentam ganhar repercussão nacional distorcendo conteúdos de produções artísticas e atacando qualquer movimento ou discussão sobre gênero e sexualidade. Esses grupos fundamentalistas se juntam com políticos conservadores, com o objetivo de afastar qualquer possibilidade de discussão sobre gênero e sexualidade nas escolas, pois segundo estes setores, a discussão seria um ataque a família tradicional, a moral e aos bons costumes.

Há alguns anos, movimentos conservadores conseguiram retirar dos Planos Municipais de Educação nas Câmara Municipais de diversas cidades discussões relacionadas a gênero e sexualidade. Os fundamentalistas começaram a usar a expressão “ideologia de gênero” para tentar confundir e convencer a sociedade da necessidade de vetar qualquer discussão sobre gênero e sexualidade.

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(Foto: Divulgação)

A distorção sobre os estudos e discussão relacionados ao tema foi tanta, que hoje ser contra e atacar o que os conservadores chamam de “ideologia de gênero” acabou virando uma máquina de votos nas eleições e possibilitou que esses grupos que eram insignificantes na política brasileira ganhassem cada vez mais projeção. Assim, esses movimentos buscam peças como a “Judith e Sua Sombra de Menino” para atacarem seus idealizadores e produzirem informações descontextualizadas e manipuladas com o objetivo de se projetarem politicamente.

Recentemente a exposição Queermuseu no Santander Cultural em Porto Alegre, a performance do “homem nu” no Museu de Arte Moderna de São Paulo baseada nas obras de Lygia Clark e em Mato Grosso do Sul a exposição Cadafalso no Museu de Arte Contemporânea em Campo Grande foram atacados por grupos e políticos fundamentalistas que tentam angariar votos para as próximas eleições.

A ADUFDourados se solidariza com os artistas da peça “Judith e Sua Sombra de Menino” e enfatiza a importância da discussão de gênero e sexualidade, conforme nós professoras e professores em conjunto com a sociedade civil pensamos e propusemos nos planos de educação. Somos contra a Lei da Mordaça (Projeto Escola Sem Partido) e defendemos a liberdade de expressão, artística e de ensino.

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(Foto: Divulgação)

Deixem a Judith e sua sombra de menino serem quem elxs quiserem!

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